Maria Teresa Egler Mantoan
Maria Teresa Egler Mantoan é pedagoga especializada em educação
de pessoas com deficiência mental pelo Centre National D‘Etudes et
Formation pour L‘Adapatation Scolaire et L‘Educacion Specialisée (Cnefases) em Beaumont-sur-Oise, na França, em 1976.
Doutora
em Psicologia Educacional pela Faculdade de Educação da UNICAMP/SP e
professora do Departamento de Metodologia de Ensino dessa universidade,
onde a professora Maria Teresa Mantoan coordena o Laboratório de Estudos
e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoas com Deficiência (Leped)
da Faculdade de Educação. É professora convidada no Núcleo de
Informática Aplicada à Educação (Nied).
Sua contribuição é
expressiva na área de pesquisa educacional e nas atividades de extensão
da UNICAMP, tendo promovido inúmeros cursos de formação continuada para
professores das redes públicas de ensino.
Teste de Poder de Inclusão- Mantoan
Professor:
Você está preparado para trabalhar com a inclusão em sala de aula?
O teste de poder de inclusão foi criado pela Professora Maria Teresa
Eglér Mantoan, publicado no livro Humor e Alegria na educação (Summus,
2006). O teste é simples mas, de acordo com Mantoan, pode ajudar a
identificar o vírus da exclusão, latente nas escolas.
O teste, bem como seu gabarito, são apresentados a seguir:
Para esse breve exame, as regras são:
1. Colocar-se na condição dos professores(as) que aqui apresentaremos.
2. Escolher a alternativa que você adotaria em cada caso, mas sem pensar muito, respondendo com o que vem mais rápido à cabeça.
3. Descobrir e aprender mais sobre si mesma(o).
Responda às questões e confira.
1. A professora Sueli procura incluir um aluno com deficiência mental em sua turma de
1ª série. Tudo caminha bem em relação à socialização desse educando,
mas diante dos demais colegas o atraso intelectual do aluno é bastante
significativo.
Nesse caso, como você resolveria a situação?
(A) Encaminharia o aluno para o atendimento educacional especializado oferecido pela escola?
(B) Solicitaria a presença de um professor auxiliar ou itinerante para acompanhar o aluno em sala de aula?
(C) Esperaria um tempo para verificar se o aluno tem condições de se
adaptar ao ritmo da classe ou precisaria de uma escola ou classe
especial?
2. Júlia é uma professora de escola pública que há quatro anos
leciona na 2ª série. Há um fato que a preocupa muito atualmente: o que
fazer com alguns de seus alunos, que estão cursando pela terceira vez
aquela série?
Para acabar com suas preocupações, qual seria a melhor opção?
(A) Encaminhá-los a uma sala de alunos repetentes, para ser mais bem atendidos e menos discriminados?
(B) Propor à direção da escola que esses alunos sejam distribuídos
entre as outras turmas de 2ª série, formadas por alunos mais atrasados?
(C) Reunir-se com os professores e a diretora da escola e sugerir que esses alunos
se transfiram para turmas da mesma faixa etária e até mesmo para as
classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA), caso algum já esteja fora
da idade própria do ensino fundamental?
3. Cecília é uma adolescente com deficiência mental associada a
comprometimentos físicos; ela está freqüentando uma turma de 3ª série do
ensino fundamental, na qual a maioria dos alunos é bem mais nova que
ela. A professora percebeu que Cecília está desinteressada pela escola e
muito apática. Qual a melhor saída, na sua opinião, para resolver esse
caso?
(A) Chamar os pais de Cecília e relatar o que está acontecendo,
sugerindo-lhes que procurem um psicólogo para resolver o seu problema?
(B) Avaliar a proposta de trabalho dessa série, em busca de novas alternativas
pedagógicas?
(C) Concluir que essa aluna precisa de outra turma, pois a sua
condição física e problemas psicológicos prejudicam o andamento escolar
dos demais colegas?
4. Numa 2ª série de ensino fundamental, em que há alunos com
deficiência mental e outros com dificuldades de aprendizagem,
relacionadas a outros motivos, o professor Paulo está ensinando
operações aritméticas. Esses alunos não conseguem acompanhar o restante
da turma na aprendizagem do conteúdo proposto. O que você faria, se
estivesse no lugar do professor Paulo?
(A) Reuniria esse grupo de alunos e lhes proporia as atividades facilitadas do currículo adaptado de atemática?
(B) Distribuiria os alunos entre os grupos formados pelos demais
colegas e trabalharia com todos, de acordo com suas possibilidade de
aprendizagem?
(C) Aproveitaria o momento das atividades referentes a esse conteúdo
para que esses alunos colocassem em dia outras matérias do currículo,
com o apoio de colegas voluntários?
5. Fábio é um aluno com autismo que freqüenta uma turma de 3ª série.
É o seu primeiro ano em uma escola comum e ele incomoda seus colegas,
perambulando pela sala e interferindo no trabalho dos grupos.
Que decisões você tomaria para resolver a situação, caso fosse o (a) professor (a) desse grupo?
(A) Solicitaria à direção da escola que retirasse Fábio da sala,
pois o seu comportamento está atrapalhando o desempenho dos demais
alunos e o andamento do programa?
(B) Marcaria uma reunião com o coordenador da escola e solicitaria
uma avaliação e o encaminhamento desse aluno para uma classe ou uma
escola especial?
(C) Reuniria os alunos e proporia um trabalho conjunto com a turma
em que todos se comprometeriam a manter um clima de relacionamento
cooperativo de
aprendizagem na sala de aula?
6. Guilherme é uma criança que a escola chama de “hiperativa”. Ele
gosta muito de folhear livros de histórias. Ocorre que freqüentemente
rasga e/ou suja as páginas dos livros, ao manuseá-los sem o devido
cuidado.
O que você lhe diria, caso fosse seu (sua) professor(a)?
(A) “Hoje você não irá ao recreio, porque rasgou e sujou mais um livro."
(B) “Vou ajudá-lo a consertar o livro, para que você e seus colegas possam ler esta linda história.”
(C) “Agora você vai ficar sentado nesta mesinha, pensando no que acabou de fazer.”
7. Norma é professora de uma 4ª série de ensino fundamental e acabou de receber um
aluno cego em sua turma. Ela não o conhece bem, ainda. No recreio,
propõe à turma um jogo de queimada. É nesse momento que surge o
problema: o que fazer com Paulo, o menino cego?
Arrisque uma “solução inclusiva” para esse caso.
(A) Oferecer-lhe outra atividade, enquanto os demais jogam queimada,
fazendo-o entender o risco a que essa atividade o expõe e a
responsabilidade da professora
pela segurança e integridade de todos os seus alunos.
(B) Perguntar ao Paulo de quais jogos e esportes ele tem participado e se ele conhece as regras da queimada.
(C) Reunir a turma para resolver a situação, ainda que na escola não exista uma bola de meia com guizos.
8. Maria José é professora de escola pública e está às voltas com um
aluno de uma turma de 5ª série. Ele tem 12 anos, é muito agressivo e
mal-educado, desbocado, desobediente e não se submete à autoridade dos
professores nem à das demais pessoas da escola; sempre arruma uma briga
com os colegas, dentro da sala de aula, ameaçando-os com um estilete. O
que você faria no lugar dessa professora aterrorizada?
(A) Estabeleceria novas regras de convivência entre todos e, em
seguida, analisaria com a turma os motivos que pode nos levar a agir com
violência?
(B) Enfrentaria as brigas, retirando o aluno da sala de aula e entregando-o à direção da escola?
(C) Tentaria controlar essas situações, exigindo que o menino entregasse o estilete, para que os demais alunos se acalmassem?
9. Sérgio é um aluno surdo. Ele tem 13 anos de idade e freqüentou,
até o momento, uma escola de surdos. Esse aluno está no seu primeiro dia
de aula em uma escola comum. A professora, percebendo que Sérgio não
fazia leitura labial, procurou a diretora da escola para questionar a
admissão desse aluno em sua turma, uma vez que ele não sabe se comunicar
em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Se você fosse a professora de
Sérgio, antes de tomar essa atitude:
(A) Chamaria os pais desse aluno e os convenceria de que a escola de surdos era mais apropriada para às necessidades dele?
(B) Procuraria saber quais as obrigações e direitos desse aluno e
buscaria o recurso adequado à continuidade de seus estudos na escola
comum?
(C) Providenciaria a presença de um intérprete de Libras,
solicitando um convênio com uma entidade local especializada em pessoas
com surdez?
Conte os pontos e confira o seu poder de inclusão, ou melhor, a sua imunidade ao vírus da exclusão:
1 a) 3 b) 2 c) 1
2 a) 1 b) 2 c) 3
3 a) 2 b) 3 c) 1
4 a) 1 b) 3 c) 2
5 a) 1 b) 2 c) 3
6 a) 1 b) 3 c) 2
7 a) 1 b) 2 c) 3
8 a) 3 b) 1 c) 2
9 a) 1 b) 3 c) 2
Resultado:
De 27 a 23 pontos
Imune à exclusão!
Você está apto(a) a enfrentar e vencer o vírus da exclusão, pois já
entendeu o que significa uma escola que acolhe as diferenças, sem
discriminações de qualquer tipo. Compreendeu também que a inclusão exige
que os professores atualizem suas práticas pedagógicas para que possam
oferecer um ensino de melhor qualidade para todos os alunos. Parabéns!
Não se esqueça, porém, de que o atendimento educacional especializado
deve ser assegurado a todos os alunos com deficiência, como uma garantia
da inclusão.
De 22 pontos a 16 pontos
No limite.
Você precisa se cuidar! Atenção, pois você está vivendo uma situação
de fragilidade em sua saúde educacional. Cuidado! É preciso que você
tome uma decisão e invista na sua capacidade de se defender do vírus da
exclusão. Quem fica indeciso entre enfrentar o novo, no caso, a inclusão
de todas as crianças nas escolas comuns, e incluir apenas alguns, ou
seja, os alunos que conseguem acompanhar a maioria, está vivendo um
momento difícil e perigoso. Você está comprometendo a sua capacidade de
ensinar e a possibilidade dos alunos de aprender com alegria!
De 15 a 9 pontos
Altamente contaminado.
Tome todas as providências para se curar dos males que o vírus da
exclusão lhe causou. Há muitas maneiras de se cuidar, mas a que
recomendamos é um tratamento de choque, porque o estrago é grande! Você
precisa, urgentemente, se tratar, mudando de ares educacionais, tomando
injeções de ânimo para adotar novas maneiras de atuar como professor(a).
Outra medicação recomendada é uma alimentação sadia, muito estudo,
troca de idéias, experimentações, ousadia para mudar o seu cardápio
pedagógico.
Tente colocar em prática o que tem dado certo com outros que se
livraram desse vírus tão voraz e readquira o seu poder de profissional
competente. Boa recuperação!
Fonte:
http://realceemleitura.blogspot.com.br