
28/02/2012 - 08h01 
Psicólogo com paralisia cerebral defende inclusão escolar
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FILIPE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
  
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A paralisia cerebral dificulta a fala e a coordenação motora, mas não a  produção intelectual do psicólogo paulistano Emílio Figueira, 42. 
A deficiência não o impede de estudar, escrever, ler, atualizar seus  sete blogs e ministrar aulas on-line. Passa a maior parte do tempo em  casa, no computador, no qual digita usando só a mão direita. 
| O psicólogo e escritor Emílio Figueira, 42, em sua casa, em São Paulo | 
Para ele, o empenho da sua família no seu desenvolvimento foi um fator que o tornou um exemplo bem-sucedido de inclusão. 
Na década de 70, inclusão não era uma palavra conhecida. O foco das  instituições voltadas a deficientes era adaptá-los à sociedade. 
Hoje o modelo se inverteu: é a sociedade que deve mudar para incluir os  deficientes. "Até os anos 80, éramos vistos como coitadinhos. Tudo era  cultura assistencialista. Mas nos organizamos e saímos do isolamento." 
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Aos 16, teve o primeiro livro publicado, de poemas. Não parou mais:  calcula ter escrito 70, metade jogou fora. A obra mais recente, "O Que é  Educação Inclusiva" (Brasiliense, R$ 19), trata de um dos seus temas  favoritos. 
A convivência entre pessoas com e sem deficiência traz vantagens para  todos, prega. "Se você educar uma criança com deficiência entre iguais,  não haverá estímulos. Mas, se ela for para uma escola normal, se  autoestimulará." 
Nas faculdades, diz ele, o pior é a falta de material adaptado, como  livros em braille: "Grande parte delas faz vista grossa para isso. O  caminho é fazer movimento". 
Emílio considera a legislação brasileira sobre inclusão avançada, mas vê  armadilhas na maneira como a Lei de Cotas (obriga empresas com mais de  cem funcionários a reservar 5% das vagas a deficientes) vem sendo  conduzida. "As empresas oferecem ou cargos baixos ou com alto nível de  exigência. E dão a desculpa que há vagas, mas não há gente qualificada." 
Apesar das suas conquistas, há muitas coisas que gostaria de fazer, mas  não pode.Dirigir, por exemplo. "Falar que eu levo uma vida totalmente  normal é demagogia."
O psicólogo conta que deseja viver uma história de amor, e a internet é  sua aliada na busca. Contatos virtuais ajudam, segundo ele, a diminuir o  estigma. "É possível conhecer a pessoa por dentro antes do primeiro  encontro." 
Emílio quer escrever um livro sobre sua experiência nos sites de  relacionamento. "Espantei Mais Uma!" será o título. "Eu começava a  conversa com as moças e na segunda mensagem já revelava minha  deficiência. A maioria nunca mais me respondia. Cheguei a ter  relacionamentos com duas, de uma gostei de verdade. Pensamos em nos  casar, mas a família dela não deixou. Mas não me abalo fácil: continuo  nos sites, tenho fé."
FONTE:   http://www1.folha.uol.com.br
 
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